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terça-feira, setembro 18, 2007

Revista Piaui

Esse é o meu primeiro conto, que saiu no site da revista Piauí

http://www.revistapiaui.com.br/2007/set/concurso_s.htm#s

SIMONE C BAZILHO
Homem - Estátua
Todos esperavam por um fim trágico.
Não havia mais nada a fazer a não ser vê-lo imóvel com suas vestimentas estranhas, uma vez que esse modo de viver lhe caia bem.
As pessoas não o viam como um cara normal mesmo, então para que tentar provar a todo mundo que ele seria diferente?
O convite para virar estatua no Madame Tussauds lhe chegou em boa hora.
Não precisaria se mexer, nem falar, coisas que fazia muito bem.
Não era adepto ao diálogo, sempre se escondia da multidão. Gaguejava quando lhe era imposto responder a uma questão, desde pequeno, queria ser invisível.
Tem a sua chance agora.
Por trás da máscara escura e da roupa larga e disforme, ele é tudo aquilo que sempre quis ser.
Anônimo.
Sem nome nem endereço.
Não é um número conhecido, não tem um rosto a ser descoberto.
Chamar a atenção é pra quem não tem o que fazer.
Pra que tudo isso? É tão bom ser uma pessoa ímpar.
Não precisam te adorar, sempre acabam desistindo, já que não te entendem mesmo.
Nem a própria mãe quis saber de lhe cuidar. Foi assim que começou a se distanciar do mundo.
Não, não quis acabar com a sua vida, ele acredita que isso é coisa de pessoa fraca, daqueles que não tem com o que se importar.
A vida dele é única, não precisa que o entenda, ele quis assim.
Acorda e dorme sem ouvir chamar seu nome, por opção própria, prefere não ter contato com ninguém. Sempre ouve as pessoas reclamarem das outras, por isso é solitário, para não ter tanto trabalho e decepção.
Agora escondido na fantasia, imóvel, aguarda a reação daqueles que não o entendem. Aguarda o aplauso, mas sem muita expectativa.
Afinal de contas, não gosta de platéia.
A solidão é a sua amiga, confidente fiel e dela tira sua força para se manter assim.
Não pretende ser amigo de ninguém, nem fazer com que gostem dele, é apenas o que é e nada mais.
Passa despercebido por entre as torres cinza da cidade, por entre os carros no trânsito e nem se queixa de nada.
Vive à sua própria sombra.
Faz seu próprio destino, caminha sempre ao redor de si.
Medo? Talvez decepção! Não assume rancor, não odeia nada e nem ninguém.
Apenas não gosta de partilhar sentimentos. Ele não os entende.
Age com firmeza e frieza, não possui sonhos, não deseja ser alguém que não seja ele.
O que ele mais quis na vida está sendo realizado agora, seu único desejo era ser estátua. Nada mais que isso.
Agora pode se considerar uma.
Sem cor, sem vida, sem perspectiva.
Uma peça de arte.
Um estranho congelado. Uma figura.

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Amar remete a uma dificuldade... nem por ser de idade ou por conta da cidade. A dificuldade estah na vaidade. Amamos menos aos outros......