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segunda-feira, julho 02, 2007

Diário do Grande ABC


Matéria sobre os Seminários do Lísias.
Seminários surpreendem e mantêm bom público

Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
Foto: Edmilson Magalhães


Ao fazer um balanço dos quatro módulos dos Seminários Avançados, realizados semestralmente desde agosto de 2005, o escritor Ricardo Lísias comemora: “Alguém inventou essa história de que literatura não tem público e foram comprando”. Os debates comandados por ele atraíram 4.126 pessoas (descontado o público de sábado, no encerramento do tema Literatura Universal Contemporânea). Lísias conclui que o presente desperta interesse e os debates ganham calor quando o contexto histórico e atual é relacionado aos autores nas discussões.
Sem sacrificar a estética literária, temas enfocaram angústias da modernidade. Ao contrário da racionalidade do início do século XX, quando o progresso técnico e científico indicava um futuro promissor, chega-se ao tal futuro no século XXI à beira da irracionalidade. Aquecimento global, sociedade sitiada pela violência, guerra como arma comercial freqüentaram debates na Casa da Palavra.
"Nosso assunto era a prosa contemporânea. Mas a atualidade em discussão foi forte nesse semestre”, diz Lísias. O primeiro tema, em 2005, foi Literatura e Filosofia no Século XX; o segundo, em 2006, Pós-modernidade; no terceiro, Literatura Moderna Latino-americana. “O interesse sugere o contrário do senso geral comum, que não existe público para discutir literatura. Falta oportunidade”.
Os Seminários Avançados são uma iniciativa da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André, da Escola Livre de Literatura, da Casa da Palavra e do Centro Universitário Fundação Santo André, com apoio do Diário.

Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
Discussões sobre a universalidade ou individualidade dos valores humanos estimulam argumentações nos Seminários Avançados. Mas há mais. “Pretendo fazer uma reflexão (em livro ou artigo) para compreender porque há esse mito de que existe pouco público para literatura. A Casa da Palavra é um lugar público, e nos Seminários entra quem quer, não há pré-requisito”. Há universitários, vestibulandos, autodidatas, professores e curiosos. O recorde de público total num semestre é de 2005: 2,4 mil pessoas. A média de inscrições é de 185,75 por semestre, lembrando que muitos assinam presença e não voltam, e os inscritos fazem pelo menos dois ou mais encontros e têm direito a certificado final; a média de presença por seminário é de 89,25 por semana – neste semestre, os encontros foram reduzidos para quinzenais. Poucos vêm uma vez e não voltam. Esses geram histórias além dos debates. Lísias recorda algumas:
"Entrou um bêbado que sabia tudo de Glauber Rocha, mas incomodava porque eu falava e ele repetia tudo a cada três minutos. Um rapaz chamou a polícia e o bêbado falou que não precisava pois ele não era tão importante assim.”
“Uma mendiga entrou, sentou e começou a falar. Eu disse que não era hora do debate ainda e ela teria de esperar em silêncio. Ela ficou. Na hora que encerrei minha fala, ela disse que não podia ficar porque iria voar para os Estados Unidos.”
Mas a maioria é bastante interessada nas discussões. Simone Cristina Bazilho, 38 anos, auxiliar de protestos e estudante do segundo ano de Letras, mora em São Bernardo, trabalha em São Caetano e freqüenta os Seminários desde o semestre passado. “Comecei a pesquisar mais, saber de onde o autor veio. Antes só lia o livro e mais nada. Tenho outro conhecimento de mundo”.
Iracema Noêmia Farina, religiosa salesiana, vice-diretora da Fainc (Faculdades Integradas Coração de Jesus) e professora de História da Arte, vive há 30 anos em Santo André. “Freqüento todos. Gosto muito de Kafka e do Ulysses. Ficou clara a passagem do ideal romântico de modernidade para a descrença geral que é marca da pós-modernidade”.
Os interessados não vêm só do Grande ABC. Sandra Lima, jornalista e pós-graduanda em Educação pela USP, é de São Paulo e acompanha as discussões desde 2005. “Este tipo de atividade extracurricular, com periodicidade, programa detalhado, é rara em São Paulo, imagine em outras localidades. As discussões de literatura envolvem pensadores modernos e contemporâneos. Acho que deveria fazer parte de um projeto contínuo de aprimoramento dos cidadãos”.
“Perto da média existente, nossos saraus têm mais público, por exemplo, que os encontros na Casa das Rosas em São Paulo ”, afirma Beth Brait Alvim, coordenadora da Casa da Palavra. Para o semestre que vem, a primeira discussão prevista nos Seminários Avançados é sobre a literatura

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