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terça-feira, dezembro 25, 2007

POESIA

"A poesia não quer saber o que há no fim do caminho.
A poesia procura, se contempla, se funde e se anula nas cristalizações da linguagem".

Octavio Paz

2008

Este ano não farei listas.
Não as arquivarei em minhas gavetas.
Prometi a mim mesma que não ia me arrepender de as ver lá no fundo e não fazer nada.
Não prometerei nada a ninguém,
assim sofrerei menos quando ver que não cumpri essas promessas...
tolas,
que nos motivam na hora e depois são esquecidas.
Minha palavra para 2008: BELIEVE.
Quero mais do que nunca acreditar em mim e não prometer nada...
à ninguém,
nem a mim.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Dar...não é fazer amor

DAR...NÃO É FAZER AMOR

(Luiz Fernando Veríssimo)

Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom. Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar...
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um "eu te amo" baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar.
Experimente ser amado...
"A vida é a arte de tirar conclusões suficientes de dados insuficientes"

terça-feira, dezembro 11, 2007

Saudades

Hoje acordei com saudades.
De um tempo em que eu não entedia metade do que sei hoje.
Tempos em que não havia solidão e tudo era feliz.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Para uma menina com uma flor

"Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque você quando sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar.
E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido.
E porque você tem um rosto que está sempre num nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, como uma santa moderna, e anda lento, a fala em 33 rotações, mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der aquela paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca.
E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta, mas não concorda porque é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho.
E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas.
E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara–na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as outras mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, “Minha namorada”, a fim de que, quando eu morrer, você se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse, cantando sem voz aquele pedaço em que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora – tão purinha entre as marias-sem-vergonha – a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nestas montanhas recortadas pela mão presciente de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos – eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfeitando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações – porque você é linda, porque você é meiga e, sobretudo porque você é uma menina com uma flor."
Vinicius de Moraes

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Silêncio

Odeio esse silêncio que me assombra.
A falta de companhia.
Até meu amigo anônimo não me quer mais.

terça-feira, novembro 27, 2007

O nascimento


Nasceu dia 26 de novembro de 2007 às 11:55, Cássio Junior, meu sobrinho lindo de viver.
Bem vindo ao mundo, meu querido.

quarta-feira, novembro 21, 2007

domingo, novembro 18, 2007

Por que?

Tenho que me esconder atrás de um sorriso forçado,
para que ninguém veja a minha tristeza.
Tenho que respeitar os mais fortes, para esconder a minha fraqueza.
Disfarçar a idade, a angústia, o medo.
A vida toda passei assim:
Me escondendo e fugindo de mim...
do que sou,
do que posso me tornar.
Por que?

sexta-feira, novembro 16, 2007

Sentimentos


Aqui sepulto...
meus sentimentos.
Minhas ilusões,
decepções...
meu orgulho
e toda a ingratidão recebida.

segunda-feira, novembro 12, 2007

MUDE



Mude,

mas comece devagar,

porque a direção é mais importante

que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,

no outro lugar da mesa.

Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,

Procure andar pelo outro lado da rua.

Depois, mude de caminho,

ande por outras ruas,

calmamente,...



Edson Marques
MUDE

Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lugar da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
Procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,...

Clarice Lispector

Ofereço

Ofereço uma flor
para cada lágrima derramada,
cada sentimento perdido,
cada pessoa mal amada.
Um flor para quem se foi,
para quem virá...

domingo, novembro 11, 2007

MATINAL


Paulo Henriques Britto


Nesta manhã de sábado e de sol
em que o real das coisas se revela
na forma nada transcendente
de uma paisagem na janela
num momento captado em pleno vôo
pela discreta plenitude
de não ser mais que um par de olhos
parado no meio do mundo
tantas coisas se fazem conceber
fora do tempo e do espaço
até que o instante se dissolva
enfim em mil e um pedaços
feito esses furos de pregos
numa parede vazia
a insinuar uma constelação
isenta de qualquer mitologia.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Balada Literária


PROGRAMAÇÃO

DIA 15 – QUINTA-FEIRA

10h30 — LIVRARIA DA VILA
RONALD POLITO conversa com ROBERTO PIVA, ao lado de CLAUDIO WILLER, GLAUCO MATTOSOe PAULO SCOTT
Mesa de abertura em que ROBERTO PIVA encontra dois companheiros de geração, CLAUDIO WILLER e GLAUCO MATTOSO, e PAULO SCOTT, autor surgido nos anos 90. A mediação é do poeta RONALD POLITO, um dos editores da obra reunida do homenageado.

14h30 — LIVRARIA DA VILA
ANTONIO VICENTE PIETROFORTE conversa ALONSO SÁNCHEZ, JOÃO SILVÉRIO TREVISANe SUÊNIO CAMPOS DE LUCENA
O professor de Teoria Literária da USP ANTONIO VICENTE conversa com JOÃO SILVÉRIO TREVISAN e SUÊNIO CAMPOS DE LUCENA, entre outros temas, sobre homossexualidade na literatura. Participa também da mesa o colombiano ALONSO SÁNCHEZ, autor do best seller Al Diablo la Maldita Primavera, que aborda o universo gay em Bogotá.

17h00 — LIVRARIA DA VILA
JOCA REINERS TERRON e MARIA ALZIRA BRUM LEMOS conversam com DAVID TOSCANA
O escritor JOCA REINERS TERRON e a escritora e tradutora MARIA ALZIRA BRUM LEMOS conversam com o mexicano DAVID TOSCANA, que vem a São Paulo para lançar, na Balada Literária, o romance O Exército Iluminado (Casa da Palavra).

20h30 — BALADA NO CENTRO CULTURAL b_arco
Especial POPULAR, comandado por PAULO SCOTT, com lançamentos e a participação de vários artistas
A primeira festa do evento acontecerá no Centro Cultural b_arco, em noite comandada pelo poeta e prosador PAULO SCOTT, que traz mais uma vez a São Paulo o especial POPULAR. Dele participarão, entre outros artistas, CHACAL, CLARAH AVERBUCK, FERNANDA D’UMBRA, FERRÉZ, IVANA ARRUDA LEITE e WANDER WILDNER.

DIA 16 – SEXTA-FEIRA

10h30 — LIVRARIA DA VILA
FREDERICO BARBOSA conversa com MIRÓ, SEBASTIÃO NUNES e SÉRGIO VAZ
Um bate-papo em que se encontram, pela primeira vez, quatro poetas (um de São Paulo, dois pernambucanos e um mineiro) que têm em comum o fato de serem também militantes, editores e divulgadores de poesia.

14h30 — LIVRARIA DA VILA
MICHEL LAUB conversa com BRÁULIO TAVARES, ÍNDIGOe TONY BELLOTTO
O jornalista e escritor gaúcho MICHEL LAUB reúne vários gêneros em uma mesma mesa: a ficção científica de BRÁULIO TAVARES, a literatura infanto-juvenil de ÍNDIGO e o romance policial de TONY BELLOTTO.

17h00 — LIVRARIA DA VILA
ANA CECÍLIA OLMOS e NELSON DE OLIVEIRA conversam com SERGIO CHEJFEC
Uma das principais revelações da nova literatura argentina, SÉRGIO CHEJFEC fala sobre sua obra e aspectos da ficção latino-americana atual com a professora da USP ANA CECÍLIA OLMOS e com o escritor e ensaísta NELSON DE OLIVEIRA.

19h30 — TEATRO DA VILA - SATYROS
Apresentação da peça Dois Perdidos Numa Noite Suja,de Plínio Marcos, com ELLIOT ALEX e ROGÉRIO MANJATE,da Oficina de Teatro Galagalazul, de Moçambique
Dois atores moçambicanos, ELLIOT ALEX e ROGÉRIO MANJATE (também poeta e prosador), trazem pela primeira vez ao Brasil a montagem, já apresentada em vários festivais internacionais, do clássico Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plinio Marcos.

21h00 — BALADA NA MERCEARIA SÃO PEDRO
Lançamento dos livros Caballeros Solitários Rumo ao Sol Poente,de XICO SÁ, pela Editora do Bispo,e O Herói Hesitante, de DANISLAU TAMBÉM
A segunda festa do evento acontece na Mercearia São Pedro, quando serão lançados o romance Caballeros Solitários Rumo ao Sol Poente, do jornalista e escritor Xico Sá (Editora do Bispo), e o livro de poesias O Herói Hesitante, de Danislau Também (Edição do Autor).

DIA 17 – SÁBADO

10h30 — LIVRARIA DA VILA
ANDREA DEL FUEGO conversa com CAROLA SAAVEDRA, FEDERICO LAVEZZO e JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA
ANDREA DEL FUEGO discutirá com os convidados a literatura feita hoje no Brasil e na Argentina. Na ocasião, serão lançadas as antologias 15 Cuentos Brasileros, organizada pelo argentino FEDERICO LAVEZZO (Editora Comunicarte), e Terriblemente Felices, também de contos brasileiros, organizada pelo argentino CRISTIAN DE NÁPOLI (Editora Emecé).

14h30 — LIVRARIA DA VILA
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA e RONALDO BRESSANE conversam com MARIO BELLATIN
Os escritores MARCELO CARNEIRO DA CUNHA e RONALDO BRESSANE conversam com o mexicano MARIO BELLATIN. Ele, um dos mais conhecidos e cultuados narradores latino-americanos, fala sobre sua obra, a Escola Dinâmica de Escritores, criada e dirigida por ele na Cidade do México, e apresenta Salão de Beleza, seu primeiro livro publicado no Brasil (Editora Leitura XXI).

17h00 — BIBLIOTECA ALCEU AMOROSO LIMA
XICO SÁ conversa com ANA PAULA MAIA, FERRÉZ e ROGÉRIO MANJATE
Em comemoração ao Mês da Consciência Negra, XICO SÁ conversará sobre literatura e preconceito com os brasileiros ANA PAULA MAIA e FERRÉZ e o moçambicano ROGÉRIO MANJATE.

19h00 — BIBLIOTECA ALCEU AMOROSO LIMA
Show Cantos Negreiros, com ALOÍSIO MENEZES,FABIANA COZZA e MARCELINO FREIRE
A comemoração continua com a apresentação do espetáculo literomusical Cantos Negreiros, com a cantora paulistana FABIANA COZZA e o cantor baiano ALOÍSIO MENEZES. Participação do escritor MARCELINO FREIRE, autor do livro Contos Negreiros, em que o show está baseado, e dos músicos DOUGLAS ALONSO (percussão), MARCOS PAIVA (violão) e RODRIGO CAMPOS (cavaquinho).

21h30 — TEATRO DA VILA - SATYROS
Apresentação da peça Dois Perdidos Numa Noite Suja,de Plínio Marcos, com ELLIOT ALEX e ROGÉRIO MANJATE,da Oficina de Teatro Galagalazul, de Moçambique

23h00 — BALADA NO Ó DO BOROGODÓ
Roda de samba com FABIANA COZZA e convidados
A terceira festa do evento, comandada por FABIANA COZZA, acontece em um dos mais agitados redutos do samba paulistano, o bar Ó do Borogodó.

DIA 18 – DOMINGO

14h30 — ESPECIAL — LIVRARIA DA VILA
MANUEL DA COSTA PINTO conversa com ANTÔNIO CÂNDIDO, BÓRIS SCHNAIDERMAN e DAVI ARRIGUCCI JR.
Esta mesa, mediada por MANUEL DA COSTA PINTO, homenageia o crítico e ensaísta pernambucano JOÃO ALEXANDRE BARBOSA, morto em 2005, e coloca em pauta a crítica brasileira. Na ocasião, serão lançados os livros A Comédia Intelectual de Paul Valéry, pela Iluminuras, e Leituras Desarquivadas, pela Ateliê Editorial, ambos de João Alexandre Barbosa, além do livro-homenagem João Alexandre Barbosa: o Leitor Insone, organizado por Plinio Martins e Waldecy Tenório, pela EDUSP.

17h00 — CENTRO CULTURAL b_arco
CLAUDINEY FERREIRA e RITA CHAVES conversamcom JOSÉ LUANDINO VIEIRA
O jornalista CLAUDINEY FERREIRA e a professora de Literatura Africana da USP RITA CHAVES conversam com o angolano JOSÉ LUANDINO VIEIRA, uma das principais vozes da literatura em língua portuguesa. Agraciado com o Prêmio Camões de 2006, recusou a premiação. Entre seus diversos volumes de narrativa, destacam-se o livro de contos A Cidade e a Infância e o de estórias Luuanda (Companhia das Letras), em lançamento na Balada Literária.

20h00 — ENCERRAMENTO — CENTRO CULTURAL b_arco
Ensaio aberto do espetáculo literomusicalMercadorias e Futuro, com JOSÉ PAES DE LIRA,LIRINHA, do CORDEL DO FOGO ENCANTADO
O cantor e compositor pernambucano LIRINHA, do grupo CORDEL DO FOGO ENCANTADO, mostra, neste ensaio aberto, o que virá a ser o seu espetáculo solo e literomusical Mercadorias e Futuro, título de seu primeiro romance, inédito.

ESPECIAL DURANTE TODA A BALADA
Exposição de fotografias do livroO Lugar do Escritor, de EDER CHIODETTOOficina do projeto DULCINÉIA CATADORA

Mais informações: http://www.baladaliteraria.org/home.html
Só quero que
a minha inspiração volte...
que eu possa proferir palavras agradáveis
ser mais feliz e romântica.
Sinto falta disso...

segunda-feira, novembro 05, 2007

Adeus Duda Bandit

Eu não o conhecia pessoalmente. Conversava com ele através do orkut, onde o mantinha informado dos lançamentos do Ricardo Lísias. Ele, fã de Mirisola, com o tempo, ficou fascinado em saber que eu interagia com o Lísias nos Seminários da Casa da Palavra.
Hoje, abro meu orkut e recebo uma mensagem triste.
Duda Bandit, se foi...segue abaixo homenagem feita em seu blog:
http://deitandocabelo.blogspot.com/

Estou tentando, um pouco por obrigação, um pouco por necessidade. Um cara que foi importante na minha vida merecia isso, merecia um último desejo pedido tacitamente. É como se ao abrir aquela caixa azul me fosse exigido este texto sobre sua vida e nossa amizade e, é claro, todas as obrigações provindas deste ato. Mas, remoendo fundo dolorosas lembranças, não acho o momento exato, o choque... Bandit apareceu na minha vida, tudo se impôs por uma misteriosa afinidade, perdeu-se a memória do primeiro encontro, restou um todo sem início e sem fim definido (apesar do que aconteceu). Bandido, era assim que eu o chamava, tinha tudo que eu desejei ter, e ele, na contramão, dizia que eu possuía tudo o que ele queria... ah, meu amigo, não sabes o tanto que invejei seu ar torpe, sua auto-suficiência e apatia representada... Resumo tudo assim: Saulo, o diplomático, Duda, o leviano; Saulo, o coerente, Duda o insensato; Saulo, o apolíneo, Duda, o dionisíaco... Completávamos-nos em nossas incompletudes e ainda assim, apesar de tudo, nós dois não estávamos satisfeitos.
Nossa grande paixão em comum, entre tantas outras, eram as motocicletas, foi seu caso de amor com uma delas que lhe valeu na noite o apelido de que tanto gostava: Bandit, a máquina fabricada pela suzuki. Compartilhávamos também um apreço pela filosofia de Cioran, literatura francesa e um pouco de contravenção, eu muito menos...
Duda me mostrava seus escritos e eu aconselhava a publicação, frases elaboradas quase sempre quando chegava das agruras da noite, querendo manter nítido na memória tudo que acontecia. Daí surgiu o blog, no início duro, vertiginoso... mas depois veio uma chance de redenção, a cada palavra foi ficando menos torpe, embora mais confuso, senti em seu texto uma abertura para a poesia e para o lirismo, um bandido cansado e melancólico, sofrendo o estranhamento das almas, o padecimento por fêmea... não escondo que vibrei com a última fase, pois Bandit sempre me espinafrou por sofrer estas coisas na pele... era como se eu dissesse, “até tu, bandido?”... ele finalmente entregava os pontos, “somos parecidos, Sal... tão iguais às vezes!” Fui citado uma vez em seus contos, talvez duas, mas ele me dizia que eu sempre estava presente. “Mas onde estou, bandido?” Perguntava... “ao meu lado, hermano... sempre ao meu lado.”
***
Seu desaparecimento não teve espectadores, embora haja quem afirme ter visto um risco de fogo rasgando o céu naquela noite sem lua, “no flanco do motor vinha um anjo encouraçado”... as câmeras mostram sua entrada na ponte e não atestam a saída, nada encontrado... um longo mergulho no vão central da Terceira Ponte beijando o mar que ele adorava olhar, elucubrações... Uma morte anunciada, você talvez dissesse, caro DB... Sempre falou que tinha vivido demais em seus trinta anos quase completos, que tinha escapado por um triz tantas vezes que cada dia era prorrogação... eu ria, não acreditava, embora algo em mim recomendasse cautela.
As circunstâncias do possível acidente são estranhas e sujeitas a especulações. Não entrarei neste mérito. Dias depois as autoridades policiais consolidaram o entendimento em direção à queda de Duda e sua morte no mar. Foi quando recebi uma caixa azul, dessas de camisa, entregue por Bárbara Bonheur, a escritora. Abatida, olhos fundos, ela bateu na minha porta, entregou e saiu sem falar quase nada sobre aquilo, apenas “oi”, “ele mandou te entregar se um dia não pudesse” e “adeus”. Fechei a porta e coloquei a encomenda na mesa da cozinha, ao lado de uma generosa dose de uísque, sabia que ia doer. Olhei aquela matéria na mesa por um tempo. Depois abri e a primeira coisa que reconheci foi o exemplar de Crime e Castigo, livro preferido dele, depois veio a senha deste blog e um poema escrito com sua letra irregular com cópia datilografada:
Pensa no Fausto,
Pensa na espessura da queda
(a queda pode ser doce)
Nunca te esqueças de Artaud, dos duplos
Não existe limite entre arte e vida,
de resto é estelionato...
Leia umas páginas do Céline
E se tudo for em vão
Percorra o velhão
Um poema bêbado de Bukowski...
Depois beba uma cerveja no balcão do bar
Não te esquecendo de deixar no rosto
O semblante de quem sabe o que está acontecendo.
****
Um envelope no fundo da caixa estava cheio de textos, alguns já publicados aqui, outros inéditos. Entre eles a versão integral da famigerada “HH, uma novelinha escorada”... Do lado de fora seu nome em letras vermelhas “Duda Bandit”. De todos os textos, um inédito chama a atenção pelo tema bastante estranho na obra do bandido, alguns poderão considerá-lo “visão profética”, auto-profética, aliás... Reproduzo:
Palavras sobre o sentimento aquático de não estar quando se está e vice-versa...
Borbulhou uma, duas vezes, nem tentou respirar, gravidade atuando de forma nova... uma vida presa ao chão sendo questionada... sabia que sem respirar resistiria por no máximo três minutos... mas agradeceu pela ciência de que restava tão pouco, uma certeza enfim... nem questionou o opus, nem pensou em ninguém, sentiu-se patético mais uma vez na vida, agora pela última vez... tentou acostumar-se com a visão turva, o líquido pressionando os olhos, a corrente o fazia dançar, logo ele que nunca dançava por recomendação expressa de Norman Mailer (os machões não dançam), pensou quanto tempo tinha passado, nem trinta segundos, se esperasse viver até 60 anos tinha gasto apenas dez por cento de toda sua vida, seria o equivalente a 6 anos, uma criança ainda... a aventura do tempo mais uma vez, pensou na relatividade e lamentou seu desinteresse pela física e pelos filósofos da lentidão e velocidade... agora nem tinha importância, agora era tarde e era o mesmo... mas queria ter ciência daquilo tudo, interesse pela esquisitice das alminhas... deu um sorriso e pensou que agora tinha terminado mais um minuto, um terço da nova realidade... em vinte anos já teria levado porrada o suficiente e as noites torpes já apareceriam na pele...mas não se conformava com a turvação, queria uma imagem nova para terminar seus dias, e neste impulso já se esgotavam dois minutos, quarenta anos tão rápido, acostumava-se, resignava-se... o filho que não teve, o fruto que não gerou, nada interessava pois sequer via um palmo à sua frente, o ar faltava, sentia o pulmão cheio, mas carecia do oxigênio necessário... soltou mais algumas borbulhas para aliviar o peito e tentou se concentrar e potencializar o que ainda restava, prendia-se forte às ultimas moléculas de oxigênio... os sentidos já falhavam, os olhos já fechavam, nem se mexeu mais, esperou, esperou... membros formigavam, o pulmão explodia chamando ar, desfaleceu dez segundos antes de completar três minutos... o mundo acima contava menos um e era o mesmo, absurdamente o mesmo.
***
Nego a visão profética, em primeiro lugar porque se Bandit realmente caiu do vão central da Terceira Ponte estamos falando de uma altura de 70 metros, impossível submergir no mar e sentir tudo que representou no texto, o impacto na água é morte certa e rápida. Se fosse para ser profético, e conhecendo o cara, digo que ele teria falado sobre a sensação da queda, como o falou em poema dedicado à menina de Madrid pouco antes do desaparecimento e cujo fragmento serve de epígrafe a esta carta-depoimento... prefiro, antes, encarar o poema-prosa acima como uma brincadeira infantil sobre o fingir morrer quando se banha na praia e esgoto aqui o tema... preocupo-me antes quanto ao envelope e os destinos do blog, tenho obrigações de depositário. Eu sei o que devo fazer. Mas não é tão simples.
Três dias depois me faltam forças para destruir tudo, clicar naquele lugar e confirmar. Já tentei duas vezes. Mas sinto que é preciso. Duda dizia sempre, “minha vida surgiu pra acabar em livreco, bicho! Daqueles de papel jornal, subliteratura”.
Como deixar de lembrar as noites em que rodávamos pelo prazer de rodar, as motocicletas emparelhadas, o zunir do pneu no asfalto... a Long Nec no balcão do bar e a gente fingindo nem notar as moças que passavam, como se o ar da noite bastasse para aliviar as dores do mundo... tenho de ser fiel ao desejo oculto do bandido.
***
Então é isso. Preciso fazer a vontade de Duda Bandit, o cara durão que se passava por Samuel Spade em homenagem a Dashiell Hammett, que apreciava inferninhos e literatura, que sempre metia os pés pelas mãos com as mulheres, olhava o mar e lia os franceses, embora se realizasse com John Fante e Charles Bukowski.
Bandit, preciso fazer justiça, levou sua artevida muito a sério. Via poesia nos semáforos e desprezava escritores e artistas na mesma proporção em que amava a criatividade... (vou sentir sua falta, amigo).
Meu irmão, tu deves estar feliz com esse final, seja ele verdadeiro ou falso (como confiar na polícia?) foi digno da vertigem da Ilha do Cão... De minha parte, sei que não sou o mesmo hoje, assim como você saiu de sua torpeza extrema, eu, na mesma proporção, saí de minha delicadeza drástica... já não recito Rimbaud,
“Par délicatesse J' ai perdu ma vi.”
Chega a hora do adeus... eu, depositário de tuas palavras, digo: vai, Bandido... vai queimar pneu no asfalto etéreo...
Saulo Ribeiro
Vitória do Espírito Santo na primavera de 2007.

domingo, novembro 04, 2007

Meus passos


Siga meus passos solitários
me encontre...
Tente me fazer feliz de novo.
Cansei de ver apenas as minhas pegadas na areia.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Tordesilhas


T O R D E S I L H A S— Festival Ibero-Americano de Poesia Contemporânea —
LINGUAGENS E FRONTEIRAS
Dias 30 de outubro a 4 de novembro de 2007
(ENTRADA FRANCA)

Dia 30 de outubro (terça-feira):
- 18:30h — Palestra de abertura
Nosotros Latinoamericanos
Roberto Echavarren (Uruguai)Horácio Costa (Brasil)Victor Sosa (Uruguai/México)Alfredo Fressia (Uruguai)Efraín Rodríguez Santana (Cuba)
Mediador: Claudio Daniel (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

Dia 31 de outubro (quarta-feira):
- 15h - Revistas latino-americanas impressas e eletrônicas
Léon Félix Batista (República Dominicana)Marcelo Chagas (Brasil)Rodrigo Flores (México)Delmo Montenegro (Brasil)
Mediador: Ademir Assunção (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 17h - Recital
Anahí Mallol (Argentina)João Miguel Henriques (Portugal)Víctor Lopez (Chile)María Eugenia López (Argentina)
Nícollas Ranieri (Brasil)Allan Mills (Guatemala)Delmo Montenegro (Brasil)Rodrigo Flores (México)Christian Aedo (Chile)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 19:30 - 22h - Leitura Noturna - Lançamentos e Recital
Jair Cortés (México) – CazaMaría Eugenia López (Argentina) – Chicas de BolsilloDavid Bustos (Chile) – Peces de ColoresLuiz Carlos Mussó (Equador) – Tiniebla de esplendor e Porque nuestro es el exílio (Luis Carlos Mussó, Ängel Hidalgo, Ernesto Carrión, Fabián Mosquera)Giancarlo Huapaya Cardenas (Peru) – PolissexualDiana de Hollanda - Dois que não o amor Luís Serguilha – Hangares do VendavalRicardo Corona - SonorizadorLocal: Galpão de Folias

Dia 1º de novembro (quinta-feira):
- 14h - Editoras independentes ibero-americanasLuís Serguilha (Portugal)Victor López (Chile)Mario Bojórquez (México)Mediador: Vanderley Mendonça (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 16h - Recital
Giancarlo Huapaya Cárdenas (Peru)
Elizabeth Neira (Chile)Micheliny Verunsk (Brasil)Antônio Moura (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 18:30h - Recital de poesia - Cervantes
Mário Bojórquez (México)Leon Félix Batista (República Dominicana)Andrés Ordóñez (México)David Bustos (Chile)Glauco Mattoso (Brasil)
Coral Bracho (México)Roberto Echavarren (Uruguai)Douglas Diegues (Brasil)Alfredo Fressia (Uruguai)Wilson Bueno (Brasil)
Local: Instituto Cervantes

- 20:30h - Poesia espanhola hoje – debate e recital
Javier Diaz Gil (Madrid/ Espanha)Joan Navarro (Valencia/ Espanha)Adolfo Montejo Navas (Espanha/ Brasil)Juan Kruz Igerabide (Aduna/ Espanha)
Mediador: Fábio Aristimunho (Brasil)
Local: Instituto Cervantes

Dia 2 de novembro (sexta-feira):
- 14h - Territórios e linguagens na web - blogs de poesia
João Miguel Henriques (Portugal)Allan Mills (Guatemala)Bruna Beber (Brasil)Daniela Ramos (Brasil)Mediadora: Virna Teixeira (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 14h - A poesia contemporânea na Universidade
Antônio Vicente Pietroforte (Brasil)Ivã Lopes (Brasil)Paulo Ferraz (Brasil)Andréa Catropa (Brasil)
Mediadora: Ana Rüsche (Brasil)
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Auditório 6º andar)

- 16h - Recital
Leonardo Gandolfi (Brasil)Alberto Trejo (México)Daniela Ramos (Brasil)Rodrigo Flores (México)Christian Aedo (Chile)
Montserrat Álvarez (Paraguai)Camila do Valle (Brasil)Luís Carlos Mussó (Equador)Diana de Hollanda (Brasil)Local: CAIXA Cultural São Paulo (Grande Salão - Térreo)

- 18:30 – 20h Performances parlapatões
Marcelo Montenegro (Brasil)Bruna Beber (Brasil)Douglas Diegues (Brasil)Elizabeth Neira (Chile)
Local: Espaço Parlapatões

- 0h - Sarau noturno – Praça Roosevelt
Lançamentos do selo Demônio Negro (Editora Amauta)
Lançamento da antologia Caos Portátil (Brasil-México) – Editora El Bilhar de Lucrecia – apresenta: Camila do Valle
Recital Vaca Amarela – com participação de Ana Rüsche, Victor Del Franco, Fábio Aristimunho, Andréa Catropa, Thiago Ponce, entre outros.

Dia 3 de novembro (sábado)
- 14:30h - Poesia de gênero
Anahí Mallol (Argentina)Camila do Valle (Brasil)Annita Costa Malufe (Brasil)Elizabeth Neira (Chile)
Mediador: Tamara Kamenszain (Argentina)
Local: Caixa Cultural, Grande Salão

- 14:30h - Poesia portuguesa contemporânea
João Miguel Henriques (Portugal)Luís Serguilha (Portugal)Cláudio Daniel (Brasil)Leonardo Gandolfi (Brasil)
Mediadora: Lígia Dabul (Brasil)
Local: Caixa Cultural, Auditório 6º Andar

- 16:30h - Recital
Donizete Galvão (Brasil)Efraín Rodríguez Santana (Cuba)João Miguel Henriques (Portugal)Frederico Barbosa (Brasil)Juan Kruz Igerabide (Espanha)
Javier Diaz Gil (Espanha)Joan Navarro (Espanha)Coral Bracho (México)Wilson Bueno (Brasil)
Local: Caixa Cultural, Grande Salão

- 19h - Leitura Noturna e Pocket Show
Flávia Rocha (Brasil)Luís Serguilha (Portugal)Victor Sosa (México)Virna Teixeira (Brasil)Maria Eugenia López (Argentina)
Andrés Ordoñez (México)Contador Borges (Brasil)Tamara Kamenszain (Argentina)Cláudio Daniel (Brasil)Juan Kruz Igerabide (Espanha)
Pocket Show – Marcelo SaheaLocal: Academia Internacional de Cinema

4 de novembro (Domingo):
- 15h - Percursos contemporâneos da poesia latino-americana
Fernando Pomareda (Peru)Jair Cortés (México)Luís Carlos Mussó (Equador)Giancarlo Huapaya Cárdenas (Peru)
Mediador: Douglas Diegues (Brasil)
Local: Caixa Cultural, Grande Salão

- 17h - recital
Lígia Dabul (Brasil)Montserrat Álvarez (Paraguai)Jair Cortés (México)Antônio Moura (Brasil)Ruy Proença (Brasil)
Victor López (Chile)Delmo Montenegro (Brasil)Allan Mills (Guatemala)Léon Félix Batista (Republica Dominicana)David Bustos (Chile).
Local: Caixa Cultural, Grande Salão

- 18:30h - Lançamentos
Víctor Sosa – O impulso, SunnyataHorácio Costa – Homoeróticas e PaulistanasEduardo Jorge – EspaçariaLéon Félix Batista – Prosa del que esta en la esferaRodrigo Flores (México) - Estimado Cliente
Local: Caixa Cultural, Grande Salão

- 21h - festa de encerramento (local a confirmar)

ENDEREÇOS:
Caixa Cultural Praça da Sé, 111 Acesso Metrô Sé
Instituto Cervantes Avenida Paulista, 2439 - 7º andarFone: 3897 9600 Acesso Metrô Consolação
Academia Internacional de Cinema Rua Dr Gabriel dos Santos, 142 Higienópolis Fone: 3826 7883 Acesso Metrô Marechal Deodoro
Galpão de Folias Rua Ana Cintra, 213 Acesso Metrô Santa Cecília
Espaço Parlapatões Praça Roosevelt, 214 Centro Acesso Metrôs Anhangabaú e República


domingo, outubro 28, 2007

...

"Sinto-lhe como ponte elevadiça.
Subo.
Desço.
Entro e saio.
Jamais fico, jamais ao lado.
Somente embaixo, somente em cima."

Fernanda Young

domingo, outubro 21, 2007

Essa vida

Você acorda a semana toda pensando como será o seu dia de trabalho.
Pegará ônibus lotado, cheio de gente ignorante e mal humorada logo cedo, levará os esbarrões de sempre, mas têm que seguir em frente, senão você não será ninguém.
Chega no trabalho, aguenta o clima pesado, as picuinhas e têm de engolir a seco, porque senão você pode levar a culpa de tudo que você não fez e tampouco fez questão de participar, aliás, se não trabalhar, você não será ninguém.
Volta pra casa, com a cabeça cheia de idéias, encontra um lar despedaçado, dividido, arrogante e incapaz de ser seu porto seguro. Não a essa altura da vida.
É mais um lugar do qual você não gostaria de estar.
Suas idéias que antes eram boas, somem, você não pode fazer nada, pois te criticam, te esnobam e te diminuem. Quando há uma possibilidade de acerto, ai aparecem com ar protetor, de orgulho e cheios de interesse. Não é isso que eu quero dessa vida.
Aliás, o que eu quero da vida? que vida eu levo? Vida? não estou vivendo um grande momento, nem profissional, nem sentimental.
Com todo o respeito, pra que viver assim?
Qual a saída? indiquem-me por favor.
Já não enxergo tão bem.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Video

Esse clip me persegue....


http://www.batanga.com/Miranda_Perfecta_Video/D9674A72-5A24-43D7-AAFA-D9D21366ABF5.htm

Pato Fu pra relaxar....

OLHA, NÃO SOU DAQUI
ME DIGA ONDE ESTOU
NÃO HÁ TEMPO NÃO HÁ NADA
QUE ME FAÇA SER QUEM SOU
MAS SEM PARAR PRA PENSAR
SIGO ESTRADAS,SIGO PISTAS PRA ME ACHAR
NUNCA SEI O QUE SE PASSA
COM AS MANIAS DO LUGAR
PORQUE SEMPRE PARTO ANTES QUE COMECE A GOSTAR
DE SER IGUAL, QUALQUER UM
ME SENTIR MAIS UMA PEÇA NO FINAL
COMETENDO UM ERRO BOBO, DECIMAL
NA VERDADE CONTINUO SOB A MESMA CONDIÇÃO
DISTRAINDO A VERDADE, ENGANANDO O CORAÇÃO
PELAS MINHAS TRILHAS VOCÊ PERDE A DIREÇÃO
NÃO HÁ PLACA NEM PESSOAS INFORMANDO AONDE VÃO
PENSO OUTRA VEZ ESTOU SEM MEUS AMIGOS
E RETOMO A PORTA ABERTA DOS PERIGOS
NA VERDADE CONTINUO SOB A MESMA CONDIÇÃO
DISTRAINDO A VERDADE, ENGANANDO O CORAÇÃO
NA VERDADE CONTINUO SOB A MESMA CONDIÇÃO


Me sinto só...
desisto de lutar,
de sofrer,
por quem não me mereça...
quero paz e alegria.
Alguém que virá sem que eu tenha que me humilhar...
Não choro mais por isso
não têm mais sentido pra mim.

sábado, outubro 13, 2007

Morte

Não sei lidar com a morte.
Sei que as pessoas que ficam sofrem muito, mas não tenho coragem de falar disso com elas nesse momento.
O que posso fazer é rezar pelos que foram e desejar que encontrem um lugar melhor...e pensar em quem ficou e ajudar no que for preciso.
Não sei como isso acontece tão repente.
Não sei não ficar triste...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Prosa de Mirisola

A Noite que Levei a Praça Roosevelt Para dar Uma Volta no Copacabana Palace

Por Marcelo Mirisola

Numa noite de raro esplendor, e fartas baixarias, levei a Praça Roosevelt para dar uma volta no Copacabana Palace. Era festa de abertura da Bienal do Livro do Rio, me convidaram. A Praça a que me refiro é a Roosevelt mesmo, antes de o Dimenstein encenar seu showzinho de horrores politicamente correto (ele e o maestro aleijão), e antes da invasão dos mauricinhos da Rede Globo. Engraçado: depois de tantas idas e vindas, virei um escritor. Tem gente que vira gerente de supermercado, outros viram lobisomens, e têm aqueles que, independente de se transformar em qualquer coisa, sempre vão ser uns vermes. Fácil de identificar, sobretudo quando são metidos a escrever, diferente do gerente do supermercado, por exemplo, que é objetivo em sua insignificância (trata-se de um exemplo: deve existir gerente de supermercado gente boa, como existem virgens nos lupanares e santos nas Igrejas), enfim, esses vermes metidos a escritores são os tipos mais fáceis de se identificar, e os mais asquerosos. O motivo é simples; basicamente não conseguem disfarçar a condição de verme: a prática os impede. E é aí que eu me divirto, e tripudio, sem dó nem piedade.
Tropecei em vários exemplares na festa do Copacabana Palace. Se eu me chamasse Noé, fosse um velhaco e tivesse uma arca, organizaria minhas prateleiras em três gêneros: a começar pelo enfezado anti-social (geralmente esse tipo é 90% careca, e escreve livros sujos e malvados, e tem sua contrapartida no simpático arroz de festa que escreve livros malvados e sujos: claro, a “literatura” deles corresponde às respectivas biografias, alguns até se dependuram em ganchos), passando pelo deprimido-paranóico-rivotril, até chegar ao baixinho mafioso organizador de antologias e viagens ao redor do mundo; depois vem um negócio que eu não sei se é categoria ou gênero, chama-se periferia, que incluí os subgêneros afins, rappers invocados, o Xico Sá que é o maior gente fina, e os inocentes úteis de praxe a serviço dos grupos análogos: há quem chame esse oba-oba de futuro da literatura brasileira. Cada um dá o nome que quiser... Tem muita gente que me chama de filho da puta, e eu não estou nem aí. Vale que, naquela noite de raro esplendor, todos faziam seus contatos e administravam suas respectivas conveniências & esquisitices para consumo próprio, e alheio. Seria redundância repetir, mas faço questão: – vermes. Em sendo vermes, desfrutam da complacência dos seus iguais: jornalistas, críticos, editores e despachantes associados que, afinal de contas, estavam lá (e estarão nas próximas ocasiões) para tirar suas casquinhas, e para celebrar qualquer coisa; assim, de “evento em popa” e devidamente blindados, os vermes disfarçam a falta de talento preenchendo seus livros com sintomas, sim, “sintomas” de algo vago e nebuloso. Um treco que serve para encher os bolsos e aumentar o prestígio, mas que não tem nada a ver com literatura, eu diria que tanto podem tratar de casarios abandonados, como podem falar de muros pichados e bandinhas de rock and roll, tanto faz se são escadarias do século XIX, ou logradouros de um lugar que poderia se chamar Lapa antiga, ou alguma coisa nojentinha sem pé nem cabeça (que eles mesmos chamam de “grotesco-lírico”), ou seja; são rufiões de burburinhos, de lugares fantasmas e estéreis como eles. Regra geral os vermes – independente de gênero e categoria – vivem deprimidos pelos cantos, querem colo e sofrem por amor, dedicam-se às cachaças mineiras e, uma vez que não têm virilidade, conhecem de cor os sambas e as biografias dos negões da antiga, de modo que praticam uma boêmia premeditada, e puxam o saco uns dos outros, e, é claro - além dos prosaicos tickets-refeição e rapapés -, faturam dinheiro grosso, bolsas, editais e licitações públicas. Os vermes sabem jogar para a platéia, adquiriram desenvoltura nos palcos, dão palestras e workshops, têm colunas em jornais e revistas – e, nem seria preciso repetir, mas faço questão, não escrevem porcaria nenhuma. São muito jovens, e sordidamente distraídos. Nessa distração – assim, na base da cultura de boteco – conseguem cooptar figurões literários (geralmente sessentões românticos) para dar um ar de seriedade e bom-caratismo à causa. Em suma: adoram um tênis All Star, e enganam bem.
Menos a mim, é claro – que não sou nenhum Noé, nem entomologista, tampouco gerente de supermercado, e me recuso veementemente a perder mais tempo em catalogá-los. Basta dizer que estavam todos lá no Copacabana Palace, numa noite de raro esplendor, e pavonear ostensivo.
Uísque, garçom. Traz a décima quinta dose, senão vou acabar acreditando que aquele careca de olhar enfezado na minha frente realmente é um gênio, e que eu não passo de um ressentido filhodaputa que cuspo no prato em que comi, cuspo não garçom, vou logo vomitando.
--- Ôooo, Careca. Você aí! Você mesmo... por que está me olhando com esse olhar enfezado? Você é mesmo um gênio?
Não deu tempo nem de fazer meu primeiro pedido. Acreditam que o gênio enfezado deu de ombros? Ai, que medo: e lá foi ele, rebolando, confabular com o mafiozinho sensível organizador de antologias. Os vermes me odeiam sinceramente e acham que eu pertenço a uma “raça ruim”: sei lá, para eles, eu devo ser uma espécie de avanço tecnológico do Saci Pererê, uma entidade debochada que ameaça reputações, bagunça os coretos – mente, joga sujo e subverte – enfim, um sacana filhodaputa que olha através dos espelhos e aponta, ri de suas fraudes passadas, presentes e futuras,eles não me perdoam porque eu troco suas coisinhas preciosas de lugar, e não devia ter escrito os livros que escrevi. Aliás, eles adoram meus livros. Fui eu mesmo que escrevi, fazer o quê?
Bem, já que é assim... digo, já que talento não tem nada a ver com estabilidade, cargos, conchavos e tapinhas nas costas, e já que eles acham mesmo que eu sou um espírito zombeteiro vindo lá dos quintos dos infernos, ora, já que é assim, eu me divirto. E o melhor, continuo fazendo aquilo que eles jamais vão conseguir fazer (isso os deixa mais deprimidinhos): literatura da boa.
Eu juro que só ia pedir mais três doses de uísque. Isso aconteceu um pouco depois de o careca enfezado dar de ombros... Até então, eu não precisei chamar o garçom uma única vez: o garçom, esse sim, um gênio de verdade. Além de adivinhar meus pensamentos, e antes de ser um gênio, também era um sensato: bem, creio que era. O garçom simplesmente aparecia na hora certa. Basta dizer que, num raio de cem metros quadrados, era o único que não fazia cara de escritor, e aparecia na minha frente sempre que eu pensava em mais uma dose de uísque. Até que se escafedeu.
Aí aconteceu. Lá pelas tantas, acho que três da madrugada, uma senhorazinha de cabelos ruivos encaracolados, olhos vazados de boneca mutilada, feia de doer, aparece no lugar do garçom, bem na minha frente, e diz: “Não teve dinheiro público”. O quê?
Então ela repete: “Não teve dinheiro público” Cazzo! O que aquele espantalho mais estranho que Carrie, a estranha, queria comigo? Garçom, cadê você? Não teve dinheiro público, não teve dinheiro público, não teve dinheiro público, não teve dinheiro público, não teve dinheiro público, não teve dinheiro público. Pela primeira vez na minha vida, eu olhava para uma pessoa que não tinha um olhar. Se eu dissesse que ela não tinha alma, estaria sendo generoso. Aquele olhar vazado de boneca mutilada era o que ela e os amiguinhos insossos podiam me oferecer, olhar de quem ficava à espreita no cocho, olhar típico dos pequeninos que jamais – como bem escreveu meu amigo Furio Lonza – iriam “pressentir o vulto da morte rondando a casa e/ou jamais iriam flagrar o cio da carne no limiar de um incesto”; era um olhar vazado,apenas ódio sem a vida do ódio, e foi aquele olhar broxado,que repetiu mais uma vez, “não teve dinheiro público”. Garçom! Cadê você? Quando a criatura do pântano – pela milésima vez - repetiu “não teve dinheiro público”, bem, na falta do garçom, e de mais uma dose de uísque, tive de me defender: “Ah,não? Então quem é que pagou?”
Foi nesse instante que chamei a Praça Roosevelt para dar uma volta no Copacabana Palace, era a única coisa que me restava. Aquela festa de raro esplendor havia se transformado em farta baixaria
--- Os empresários é que pagaram! Os empresários!
Ouviu, garçom?
A boneca mutilada de olhar vazado havia se metido em maus lençóis. Retrucamos, eu e a Praça Roosevelt: “Pagaram a você, a seus amiguinhos e ao Renan Calheiros!”.
Aí o sururu se instalou pra valer! Nessa hora, Cacá, minha mulher, apareceu. Ela, Carola e Giovanna, e mais dois seguranças. A boneca do capeta precisou de cinco pessoas para segurá-la. Não conseguiram. Eu ria muito do outro lado. Porque sabia qual era a diferença entre ser escritor, e ser uma pessoa mutilada. Há muito havia feito a escolha, e há muito havia descartado a hipótese de ser um gerente de supermercado: talvez por incompetência (mas isso não vem ao caso). Pela primeira vez, brindei à Maldição. Viva, garçom! Eu queria ver qual era a verdade dos vermes. E eles, meu caro garçom (onde você se meteu?), não tinham olhar, não tinham vida e não tinham morte: eram uma fraude trespassada em si mesma. Vultos. Só isso, e - não podia ser diferente – como vultos desmancharam-se confrontados com cinco segundos do meu escárnio... e olha que esse escárnio tem séculos, mas bastou cinco segundos para desfigurar a Boneca Mutilada. Entendi que a Maldição não tem prazo de validade. Enfim, não me omiti, e servi de espelho para a Boneca Mutilada. Troquei as coisinhas dela de lugar. Ela percebeu que o artefato havia ruído, e, diante da própria pequenez, sucumbiu junto. Foi feio. Mas não tive pena, de jeito nenhum. Dali aquela alminha replicante – no máximo, e com muito boa vontade – poderia pleitear uma vaga de encosto nas seções de descarrego do bispo Edir Macedo, e olhe lá. Eta Barraco! Valeu Praça Roosevelt, obrigado. Finalmente, o garçom deu o ar de sua graça genial, e me ofereceu mais uma dose de uísque. Baixaria. Os berros da boneca mutilada ecoavam no salão austero do Copacabana Palace: “Não teve dinheiro público! Foram os empresários! Os empresários! Rivotril! Rivotril! Eu moro no pé no morro, ele não sabe de onde eu vim! Os empresários pagaram! Rivotril! Rivotril!”.
O que mais? Pensei: quero que essa canalhada dê as cartas por muito tempo. Eles que se esbaldem, faturem todas as licitações, editais, leis Rouanet e o diabo a quatro. Entupam-se de dinheiro, antidepressivos, e me ignorem mesmo. O prejuízo não é meu. Em seguida, lembrei de uma valsinha que era tema da novela o Casarão, idos dos setenta: “Eu sonhei que tu estavas tão linda/ numa festa de raro esplendor....”
Isso aí. Se alguém se interessar numa investigação mais séria, seja a Secretaria da Fazenda, o Ministério Público, a Saúde Pública... ou até o Padre Quevedo, a lebre está levantada, fiz a minha parte: no mais desejo boa sorte e feliz natal. Foda-se. Se os amores são expressos, a vida é passageira. Vade Retro Satanás!

domingo, outubro 07, 2007

Obrigada


Preciso te agradecer,
por ter sumido da minha vida
e ter feito eu parar de chorar,
de esperar e ter esperanças.
Agradeço pelo sofrimento causado
pelo meu amadurecimento...
pela solidão que eu sinto agora.
Agradeço,
por ter palavras,
emoções,
e sentimentos...e sinto,
que você não tenha nada disso.

Me revelar - Zélia Duncan

Tudo aqui quer me revelar
Minha letra, minha roupa, meu paladar
O que eu não digo, o que eu afirmo
Onde eu gosto de ficar
Quando amanheço, quando me esqueço
Quando morro de medo do mar
Tudo aqui
Quer me revelar
Unhas roídas
Ausências, visitas
Cores na sala de estar
O que eu procuro
O que eu rejeito
O que eu nunca vou recusar
Tudo em mim quer me revelar
Tudo em mim quer me revelar
Meu grito, meu beijo
Meu jeito de desejar
O que me preocupa, o que me ajuda
O que eu escolho pra amar
Quando amanheço, quando me esqueço

Viver...


"E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida."
Clarice Lispector

terça-feira, outubro 02, 2007

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços meu pecado de pensar.

Clarice Lispector

Votos de submissão

" Caso você queira posso passar seu terno, aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como minha a minha pele de algodão macio, agora quente, será fresca quando janeiro.
Nos meses de outono eu varro a sua varanda, para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda - Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas - Depois olantarei para ti margaridas da primavera e aí no meu corpo somente você e leves vestidos, para serem tirados pelo total desejo de quimera.
Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos.
Mas quando for a hora de me calar e ir embora sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.
(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia) Fernanda Young

Anônimo

Cadê você?

Pedras

Atire em mim,
seria menos doloroso sentir sua falta,
acabaria logo com esse sofrimento...
de ser e não estar.
Jogue pedras em meu túmulo,
pelo menos a sua revolta seria um sinal
que liga pra mim,
Uma bala na cabeça.
Esquecimento,
rendição.

domingo, setembro 30, 2007

...

"...nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamantes,e de vibração parada.
E o Deus?
Não.
Nem mesmo a angustia.
O peito vazio, sem contração.
Não havia grito."

Clarice Lispector

quinta-feira, setembro 27, 2007

Eu e Clarice

A cada texto de Clarice Lispector, mais me identifico em suas letras...

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está umpouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero..."
.Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armadura se deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer."
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamentoaté meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta...

quarta-feira, setembro 26, 2007

Nosso amor

Nosso amor estava por um fio...
Bastou você puxar mais uma linha
e me fazer ver que não valia a pena sofrer
por tudo que me representava.
Me iludi com as suas desculpas e poemas de amor,
nem sempre escritos por você é claro,
já que a indiferença o torna alguém insens[ivel.
Não sinto nenhum tipo de arrependimento, nem de tristeza.
Sigo a vida como se nada estivesse acontecendo,
nada aconteceu na verdade,
só em nossa fértil imaginação.
Foi fácil retirar você da minha vida agora,
uma vez que já não significava mais nada,
não era como das outras vezes em que me deixava
sozinha sem respostas e depois aparecia com suas desculpas lindas e
fantasiosas.
Dessa vez eu não caio nessa,
meu coração fraco, para você, está aqui
batendo mais forte, vivo e feliz.
Que bom que acordei há tempo,
que bom que a corda se rompeu.

sábado, setembro 22, 2007

Quando eu choro


As pessoas querem minha atenção,
ou se vangloriar de seus atos e feitos...
não percebem o quanto estou sofrendo...
Como quero mudar de vida,
ser alguém mais livre,
sem ter que dar satisfações e ouvir
coisas que não estou afim...
Ser alguém feliz, ter alguém comigo.
Não...
não se importam com isso,
sempre estou sorrindo, disfarçando a minha dor.
Quando eu choro é porque estou sozinha.
No meu quarto sem graça,
vendo programas tão sem graça quanto eu.
Choro por saber que cresci e não vivi.
Nada do que se vive uma pessoa feliz.
O que realmente importa?
O que é preciso?
onde encontrar a Tal Felicidade?
Desisto.
Ficarei aqui minguando até que ela me encontre,
cansei de correr atrás dela.
Não tenho fôlego.

terça-feira, setembro 18, 2007

Revista Piaui

Esse é o meu primeiro conto, que saiu no site da revista Piauí

http://www.revistapiaui.com.br/2007/set/concurso_s.htm#s

SIMONE C BAZILHO
Homem - Estátua
Todos esperavam por um fim trágico.
Não havia mais nada a fazer a não ser vê-lo imóvel com suas vestimentas estranhas, uma vez que esse modo de viver lhe caia bem.
As pessoas não o viam como um cara normal mesmo, então para que tentar provar a todo mundo que ele seria diferente?
O convite para virar estatua no Madame Tussauds lhe chegou em boa hora.
Não precisaria se mexer, nem falar, coisas que fazia muito bem.
Não era adepto ao diálogo, sempre se escondia da multidão. Gaguejava quando lhe era imposto responder a uma questão, desde pequeno, queria ser invisível.
Tem a sua chance agora.
Por trás da máscara escura e da roupa larga e disforme, ele é tudo aquilo que sempre quis ser.
Anônimo.
Sem nome nem endereço.
Não é um número conhecido, não tem um rosto a ser descoberto.
Chamar a atenção é pra quem não tem o que fazer.
Pra que tudo isso? É tão bom ser uma pessoa ímpar.
Não precisam te adorar, sempre acabam desistindo, já que não te entendem mesmo.
Nem a própria mãe quis saber de lhe cuidar. Foi assim que começou a se distanciar do mundo.
Não, não quis acabar com a sua vida, ele acredita que isso é coisa de pessoa fraca, daqueles que não tem com o que se importar.
A vida dele é única, não precisa que o entenda, ele quis assim.
Acorda e dorme sem ouvir chamar seu nome, por opção própria, prefere não ter contato com ninguém. Sempre ouve as pessoas reclamarem das outras, por isso é solitário, para não ter tanto trabalho e decepção.
Agora escondido na fantasia, imóvel, aguarda a reação daqueles que não o entendem. Aguarda o aplauso, mas sem muita expectativa.
Afinal de contas, não gosta de platéia.
A solidão é a sua amiga, confidente fiel e dela tira sua força para se manter assim.
Não pretende ser amigo de ninguém, nem fazer com que gostem dele, é apenas o que é e nada mais.
Passa despercebido por entre as torres cinza da cidade, por entre os carros no trânsito e nem se queixa de nada.
Vive à sua própria sombra.
Faz seu próprio destino, caminha sempre ao redor de si.
Medo? Talvez decepção! Não assume rancor, não odeia nada e nem ninguém.
Apenas não gosta de partilhar sentimentos. Ele não os entende.
Age com firmeza e frieza, não possui sonhos, não deseja ser alguém que não seja ele.
O que ele mais quis na vida está sendo realizado agora, seu único desejo era ser estátua. Nada mais que isso.
Agora pode se considerar uma.
Sem cor, sem vida, sem perspectiva.
Uma peça de arte.
Um estranho congelado. Uma figura.

Inspiração

A inspiração...vem e vai
assim como os altos e baixos da minha vida.
Ora estou muito alegre e tenho um sorriso sobrando para dar.
Hoje, diria que as lágrimas inundam meu rosto
cansado de sofrer.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Casa

Cheiro de tinta
marca a renovação.
Muita história
se esconde no casarão...
Tantos sonhos ditos,
palavras que não foram em vão...
Sensibilidade,
a Casa respira
e inspira...
É pura emoção...

Sol


Quando saí da inércia
vi o pôr-do-sol pela janela.
Tanto tempo foi desperdiçado...
nunca tinha reparado
como era lindo
ver o sol partindo...

Novamente

Saudades daquilo que não tenho...

segunda-feira, setembro 10, 2007

Mudar

Um beijo
me fez pensar...
me fez mudar a atenção,
o foco.
É tão estranho sentir
que a felicidade vem
de surpresa...

segunda-feira, setembro 03, 2007

Rua

Me vejo na rua,
e meus pensamentos são teus.
vago,
a tua procura.
Imagino como se sente...
se me deseja ou se apenas mente.

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Amar remete a uma dificuldade... nem por ser de idade ou por conta da cidade. A dificuldade estah na vaidade. Amamos menos aos outros......