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sábado, março 31, 2007

Sonhos

Mas uma parte dos meus sonhos realizada.
Uma dedicatória no meu livro "Cobertor de Estrelas", tão querido e aguardado.
E o que me deixou muito feliz foi ver em primeira mão, as provas de capa do novo livro dele e ainda por cima poder dar opinião de qual achei mais legal.
Imaginem como eu me senti!
Tremia tanto que achei que fosse passar um vexame ali...
Mas, faz parte da talvez "tietagem", sei lá eu não vejo assim, a minha admiração aumentou após hoje e talvez seja essa admiração a minha diferença entre querer ser tiete, fã ou como queiram chamar.
Sinto mais que isso.
Sinto respeito pelo esforço e dedicação com que nos trata.
Por isso ele é diferente para mim.

quarta-feira, março 28, 2007

Esperando

É ruim demais ficar sem notícias suas,
parece que estou pela metade...
faltou você com seu carinho.
Ah que saudades...
Espero que sinta o mesmo,
que eu não me engane ou seja enganada,
que não me ilude,
quero acreditar, mesmo tendo medo...
mesmo vendo um certo assédio ao seu redor,
quero acertar e aceitar as dificuldades,
mas e você?
O que quer de mim?

terça-feira, março 27, 2007

Você

Sinto você,
mesmo distante,
em suas palavras doces,
e carinho constante.

Vejo você em fotos,
que resumem
seus atos.

Ouço o vento
e penso em você
a todo momento.

O melhor de tudo
é ser amada
mesmo que de forma irreal
o bom é ser notada e admirada...

Ah... como você me faz falta
Essa saudade ainda
me mata...

domingo, março 25, 2007

Uso de incentivo fiscal no "bonde" divide escritores

Outro ponto criticado no projeto é a suposta "panelinha" entre participantesRoteiro de viagens, que exclui países mais pobres e inóspitos, também é questionado pelos contrários à "gandaia"DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha ouviu os principais personagens dessa polêmica. Para o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, Amores Expressos é um caso de "uso positivo" da lei. "O que há de errado em usá-la para viabilizar a obra de novos autores, numa área em que os recursos são poucos?"Sérgio Sant'Anna, um dos passageiros do "bonde", acusou Mirisola de "mesquinharia e inveja" e contou que o escritor pedira, há pouco, que ele escrevesse uma carta de recomendação para que o autor pleiteasse uma bolsa da Secretaria Municipal da Cultura.Há quem diga que o projeto não beneficia em nada a literatura brasileira, somente os escritores que participam dele. É o caso do escritor Ademir Assunção. "O mercado deve viabilizar a si mesmo, não pode ser movimentado pelo dinheiro público. Se fosse para participar de feiras de livros ou de debates em universidades no exterior, ok." Há cerca de dois anos, Assunção entregou ao MinC o documento Literatura Urgente, cobrando fomento à produção literária. A proposta não rendeu frutos.Já Antonio Prata, que vai para Xangai, acha que em vez de polemizar o "bonde", as pessoas deveriam estar discutindo se o Estado deveria dar dinheiro para a cultura ou não. "Como avaliar escritores num concurso público? Quem apresentar metáforas por um preço mais baixo leva?"

Mochilão

O fato de o projeto prever viagens internacionais, num circuito tipo Elizabeth Arden, também irrita os críticos do Amores Expressos. Ao que parece, alguns considerariam o projeto aceitável se os viajantes fossem para lugares mais pobres e inóspitos, com escassas possibilidades de diversão. É o argumento do escritor Ricardo Lísias, que se alinha a Mirisola. "Por que ninguém vai para a África negra? Não há amor na Faixa de Gaza? Nem na favela de Cité Soleil, no Haiti?"A escolha das cidades, explica Cuenca, levou em conta dois fatores: o aspecto mercadológico, ou seja, a curiosidade que uma cidade como Tóquio pode gerar nos leitores. E o aspecto de identificação da cidade com a obra do autor: "O Joca Reiners Terron tem uma relação com Cairo. O Sérgio Sant'Anna, com Praga. Existe uma escolha estética sutil aí também. Por achar que determinada cidade rende em termos de criação literária, seja pela afinidade que ela pode ter com o lugar ou pelo estranhamento que pode causar", defende Cuenca.

É o amor

A temática do projeto - as histórias de amor- também foi alvo de ataques. "Como é que, em 2007, um escritor pode aceitar a proposta de escrever uma história de amor em Paris? Isso é dinheiro público financiando clichês", solta Mirisola. Para Sérgio Rodrigues, "essa coisa dos amores em cidades do exterior é um pouco jeca". Mas nem por isso ele se coloca contra a idéia. "Vamos aguardar o resultado. Torço para que saiam bons livros daí", conclui.Também contra os clichês se posiciona Ana Paula Maia, jovem autora do Rio, que perdeu o "bonde". "Se me jogassem em qualquer lugar do mundo, eu arrumaria umas brigas, me acidentaria, tomaria uns foras, levaria umas porradas e escreveria um "road movie" violento", brinca a escritora. Cuenca defende-se dizendo que acha sedutora a idéia de histórias de amor que se passam em terras estrangeiras, que estas podem ser obscuras, vão variar de acordo com os diferentes estilos literários dos autores e que formarão um panorama das relações hoje em dia. Ele diz ainda que vê como desafio o que os outros vêem como lugar-comum:"A Adriana Lisboa vai ter que inventar uma história de amor que não seja clichê", diz o escritor. "Nenhum deles vai escrever uma "love story" açucarada. Você consegue ver o Mutarelli fazendo algo assim?"

Amigos de Cuenca

Resta o terceiro ponto da polêmica. Blogueiros e escritores que ficaram de fora do projeto reclamam em coro de que a seleção configura "formação de panelinhas", ou seja, privilegia um grupinho de amigos."Quer que eu diga qual é o critério?", pergunta Mirisola. "Digo e repito. O critério é o compadrio, conseqüentemente, a gandaia."Há quem assuma o ciúme, como o escritor Santiago Nazarian, que conheceu Cuenca na primeira edição da Flip (Festa Internacional de Parati), em 2004, quando passaram uma temporada na cidade para escrever os contos do livro "Parati para Mim", projeto que incluiu ainda Chico Mattoso, outro escritor convidado a viajar no "bonde"."Assumo que fico com inveja, todo mundo que está de fora fica. Obviamente pode ter pessoas que eles [Teixeira e Cuenca] gostem ou admirem mais como escritores, mas é claro que preferem mandar os amigos. Ao mesmo tempo acredito que eles não iam mandar apenas amigos, que não fossem bons escritores, e que depois entregariam uma merda para a Companhia publicar."Teixeira se defende. "Ninguém questiona um diretor de cinema sobre quais artistas vai usar no seu filme. O projeto é meu, e eu tenho todo o direito de usar a lei, já que ela existe."Cuenca, que dividiu com Teixeira a escolha dos autores, justifica o seu time. "Quem dera eu fosse amigo pessoal de escritores como Sérgio Sant'Anna e Bernardo Carvalho, que admiro profundamente. O André de Leones eu nunca vi. Com o Ruffato eu devo ter me encontrado duas vezes. Também não chamaria inimigos. Ninguém quer trabalhar com inimigos."O jornalista e colunista da Folha Manuel da Costa Pinto aponta uma curiosidade no caso dos jovens autores selecionados. "A Companhia das Letras nunca foi uma editora reveladora de talentos, e agora ironicamente vai sair dessa história como tal."

Sem relevância

Cuenca por fim afirma que "nenhuma voz relevante" se levantou contra o projeto, apenas "meia dúzia de comentaristas de blog". E dá um conselho aos que não entraram: "Que se articulem, formalizem um projeto e usem a Lei Rouanet". (EDUARDO SIMÕES e SYLVIA COLOMBO)

Bonde




Bonde das letras ou trem da alegria?
Márcia Denser


A polêmica surgiu e está na Folha de S. Paulo de 17/3 e 18/3. Indignado com a maracutaia literária inferida na matéria "Bonde das Letras", assinada por Cadão Volpato, o escritor Marcelo Mirisola (Joana a contragosto, Bangalô) manda recado malcriado para os autores João Paulo Cuenca e Rodrigo Teixeira, autores da idéia, comprada por Luís Schwarcz e financiada pela Lei Rouanet, que manda 16 escritores brasileiros ao exterior com o objetivo de escrever livros sobre as "emoções" ou algo que o valha.
A questão colocada por Mirisola é a ausência absoluta de critérios seletivos na escolha dos autores e até de valor literário numa iniciativa editorial desse porte (aliás bastante generoso, em termos de Brasil), resultando apenas, e mais uma vez num evento mercadológico, porque a coisa funciona como "ação entre amigos", algo absolutamente normal no país do jeitinho, onde (ainda) campeia a “estratégia do favor”, o que torna esse “bonde de letras” algo muito semelhante ao “trem da alegria” dos políticos. E bota subdesenvolvimento nisso!


Confira a matéria da Folha. Que começa assim... ”Você é um escritor sem dinheiro, lutando pela sobrevivência. Tem, segundo suas próprias palavras, "apenas um dia de príncipe ao mês". Você emigrou dos quadrinhos para a literatura, vendeu os direitos para o cinema dos livros que publicou, mas ainda desenha uma última história de despedida. Um dia, aparece um sujeito oferecendo um mês de estadia em Nova York, onde você nunca esteve, com todas as despesas pagas e a única obrigação de retornar com uma história de amor na cabeça, que depois será publicada por uma das maiores editoras do Brasil. O escritor em questão existe, é Lourenço Mutarelli, um dos 16 autores brasileiros a caminho de 16 destinos diferentes no mundo, para viver uma experiência — qualquer experiência —, voltar e escrever um livro. A coleção se chama Amores expressos e foi idealizada por Rodrigo Teixeira, um jovem Quixote de pés bem plantados no chão.”


A resposta do Mirisola no Painel do Leitor, no dia seguinte:


"Vou reunir meus amigos de farra e pleitear uma grana da Lei Rouanet. Foi isso o que Rodrigo Teixeira e o escritor João Paulo Cuenca fizeram — e conseguiram R$ 1,2 milhão ("Bonde das letras", Ilustrada, 17/03). E, pra coisa não ficar tão ostensivamente chapa-branca, incluirei — além de mim — um ou dois figurões acima de qualquer suspeita no cardápio. Depois, basta procurar um editor generoso e idealista. Se for sócio de um banco, melhor. Só faltou um dado à reportagem: cada "escritor" embolsará R$ 10 mil, além de estadia, passagens e traslados ao redor desse mundão de Deus. Um mês de vida boa. Espero que escrevam grandes livros e relatem suas experiências na festa de Paraty do próximo ano. Assim é que se faz literatura no Brasil."


E, agora, a entrevista exclusiva de Mirisola para o Congresso em Foco:


Como você se insere na tradição literária brasileira?
A tradição literária brasileira – me parece – não está nem aí para mim. Está preocupada com autores de gabinete, chatos, politiqueiros e gente sem talento. Eu devia ter nascido em Buenos Aires.


Não acha que, entre o silêncio da crítica e o barulho ensurdecedor do marketing, quem sai perdendo é o próprio escritor?


Financeiramente, claro que sim.

Mas quem é que está preocupado com literatura?


Prêmios literários ajudam a carreira do escritor?


Se ele estiver inserido nisso que você chamou de "tradição literária" de chatos, politiqueiros e gente sem talento, ajuda. Tem gente que vive muito bem disso. Não é o meu caso, evidentemente.


Quais são suas influências literárias?

Podia ter sido você, se eu tivesse lido seus livros antes de escrever os meus, mas não foi o caso. Em vez de influência, prefiro chamar de afinidade. Tenho afinidade com autores confessionais e, como não podia deixar de ser, com alguns santos da Igreja Católica.


O que pensa da Festa Literária de Parati?

Ajuda a promover a literatura brasileira?
Escrevi tudo o que eu pensava num texto intitulado "Paraty 2006" – se quiser pode linkar. A festa ajuda a promover a Companhia das Letras (leia-se: Unibanco) e os patrocinadores. Quanto aos escritores (sobretudo, os brasileiros), são uns carentes, deslumbrados. Vão lá para aparecer no jornal e ganhar tíquete-refeição. São gado do senhor Schwarcz [dono da Cia. das Letras]. Não se pode falar em "literatura brasileira" no caso de Paraty. Os escritores que aceitam o curral de Paraty são oportunistas, omissos e covardes. Gado.


Que conselho você daria ao escritor iniciante?
Desista. Então esse "bonde das letras", na sua opinião, seria uma espécie de "trem da alegria", no qual a literatura copia a nossa política, ambas pairando no ar merchandisinísticamente apenas como cascas vistosas, mas cascas, sem nada por dentro? Sofrendo assim duma morte dupla e simétrica?

Quanto ao "bonde das letras", é uma questão para ser analisada pelo Ministério Público. A Lei Rouanet virou gandaia. Tem precedentes vergonhosos, é bom lembrar. Essa lei precisa ser revista. Já se fez muita merda por aí com ela . Se não me engano – vale conferir –, a família Barreto levantou uma grana preta para produzir o filme Paixão de Jacobina. A cantora Ana Carolina já deu seus pitacões. Agora os editores descobriram o filão ... pobre Rouanet. Se eu fosse ele, tirava meu nome dessa baixaria. Ou você acha que só pelo fato de sair da Vila Madalena ou de Ipanema e de embolsar R$ 10 mil, mais traslados, passagens e hospedagem, os amigos de boteco de João Paulo Cuenca vão mudar o estilo? Nem aqui, nem na China.*


A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), Toda Prosa (2002) e Caim (2006). Participou de várias antologias importantes no Brasil e no exterior. Organizou três delas - uma das quais, Contos eróticos femininos, editada na Alemanha. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é pesquisadora de literatura brasileira contemporânea, jornalista e publicitária.

sábado, março 24, 2007

Caminhos

Longos caminhos a seguir...
com seus obstáculos.
Uma hora bate saudades de alguém que não conheço ainda...
na outra uma insegurança,
medo de uma ilusão.
Solidão.

sexta-feira, março 23, 2007

Porta

Abro meu coração à você,
como uma porta.
Destranco meus sentimentos
que estavam à chave,
esquecidos e talvez empoeirados.
Faço o coração bater forte,
com sua presença ainda não constante.

quinta-feira, março 22, 2007

Beijo

Seus sonhos,
também são meus...
seus beijos,
são esperados,
assim como você.
Está distante,
mas não ausente,
É meu maior presente.

quarta-feira, março 21, 2007

Pessoas


Cada uma com sua história,
sua marca,
seu destino...
memórias da infância,
brincadeiras, primeiro beijo.
Primeira ilusão...
e suas lembranças...no preto e branco da foto,
guardada no fundo de uma caixa qualquer,
há sentimentos, além do que mostra o papel muitas vezes amarelado.

terça-feira, março 20, 2007

Mensagem de uma pessoa especial

Recebi de alguém especial para mim.

Cair de novo
Quem não tropeça na vida?
Quem não perde na vida?
Quem não chora na vida?
Quem não desanima na vida?
Sofro não pode deleite,
mas por ensejo
Descobri a lágrima que a muito não vejo
Meu peito sofre por esse novo desejo
De não chorar, d
e impedir o desespero
Cansei de frear a tristeza minha
Ela faz parte de mim,
me corroí
Sofro,
choro, e como isso dói
Mas estou a buscar a mina
A origem das dores,
dos horrores
Onde se esconde essa fonte
De lágrimas,
de medo,
de dissabores
Para cessar meu desespero...

segunda-feira, março 19, 2007

Porta

Quem teria a chave?
para desvendar meus segredos mais obscuros?
para entrar em uma mente confusa?
e tentar me entender...
como nem eu sei fazer?

domingo, março 18, 2007

O simples


Simples e bonito,
sem maiores luxos de grifes,
apenas ele mesmo.
Sensato, inteligente e discreto.
Talvez irônico,
mas antes de tudo: ele mesmo.
Ímpar, raro e dedicado.
Invejado,
mal interpretado,
e além de tudo: ele mesmo.

sábado, março 17, 2007

Uma de Octavio Paz

DESTINO DO POETA

Octavio Paz

Palavras?
Sim.
De ar e perdidas no ar.
Deixa que eu me perca entre palavras,
deixa que eu seja o ar entre esses lábios,
um sopro erramundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde.

sexta-feira, março 16, 2007

Desânimo

Sabe quando você tem a impressão de que tudo na vida é difícil...
e que você acha que não tem solução?
Encostar a cabeça num vidro e sentir a vida passar por você,
sem saber onde vai dar.

Sono

Uma imagem diz mais que as minhas míseras palavras...

quarta-feira, março 14, 2007

Kafka

A decifração de Kafka.Por Wilson Bueno
Revista Trópico

O escritor italiano Roberto Calasso faz um radical exercício de interpretação da obra de Franz Kafka
Se existe um autor cuja fortuna crítica cresce a cada dia, este é, sem erro, Franz Kafka. Nascido de uma família judia pequeno-burguesa, em Praga, no ano de 1883, morreu vítima de tuberculose, no sanatório de Kierling, perto de Viena, em 1924. Quarenta e um anos, contudo, foram o suficiente para que compusesse uma das obras mais incendiárias e mais avassaladoramente “pessoais” de que tem notícia a história da literatura.
A maior parte de seus livros foi publicada postumamente e embora tcheco de nascimento, Kafka teve como pátria linguística o idioma alemão que, sob sua pena torturada alcançou culminâncias até então só atingidas por Goethe ou Schiller. Dez anos apenas após a sua morte, no emblemático ensaio –“Kafka”- , de 1934, o filósofo Walter Benjamin (1892-1940) já chamava a atenção para a “escandalosa singularidade” do autor, prevendo inclusive para o “inventor”, entre outras obras-primas, de “A Metamorfose” (1915) uma tão crescente quanto díspar exegese.
Não poderia ser diferente neste tumultuado e tumultuário início de novo milênio. Em um ensaio de 2002, sucintamente intitulado “K.” , agora publicado no Brasil, pela Companhia das Letras (na sempre cuidada tradução de Samuel Titan Jr.), este autêntico poeta da prosa ensaística, o italiano Roberto Calasso, promove uma dos mais fundos e radicais exercícios de interpretação da obra kafkiana.
São quase 300 páginas, em 15 refinados capítulos, destinadas a desvelar alguns dos títulos fundamentais de Kafka. Detalhe importante -a par da exegese crítica, Calasso não se furta a investigar, com “escuta” quase psicanalítica, a vida aflitiva e torturada do genial judeuzinho de Praga que, num gesto até hoje objeto, ele também, de inúmeras interpretações, exigiu, no leito de morte, que o amigo Max Brod lançasse ao fogo, sem exceção, todos os seus manuscritos. Claro que o pedido, por dúbio e ambíguo, não foi atendido. Como lembrava Otto Maria Carpeaux, numa anotação irônica a propósito de Kafka, quem deseja suicidar-se não pede a outro que lhe prepare o copo de veneno.
Centrando sua investigação principalmente em dois alvo precisos –“O Processo” (1925) e “O Castelo” (1926), logo nos primeiros capítulos deste ousado “K.” , Roberto Calasso considera duas vertentes fundamentais que norteiam o respectivo constructo de ambos os “romances” -punição e eleição. Dois formidáveis complicadores novelescos: em “O Processo” o que se busca é a punição de Joseph K., e em “O Castelo” o “pathos” que o legitima adere umbilicalmente às maquinações de uma eleição -K. chega à aldeia onde imponente a preencher o vazio se impõe o castelo, sob a égide de uma necessidade -a de ser escolhido como agrimensor. Chega ou atende a um chamado?
A unir as duas pontas, a convocação realizada por algo ou alguém, sempre invisível e ambíguo, que impõe, autoritário, desde cima, dono e senhor do Poder, tanto a “pena” quanto a “escolha”. Isso tudo numa urdidura, desnecessário adicionar, da qual só Kafka é capaz, ao erigir uma ambiência romanesca invariavelmente pautada pelo suplício e pela tormenta. E o pior: como assinala Calasso, com argúcia, eleição e condenação quase não se distinguem. E mais: os livros só são dois por uma razão bem simples -a condenação é sempre certa; a eleição, sempre incerta. Não o fossem, “O Processo” e “O Castelo” poderiam filosoficamente constituir o mesmo livro.
Roberto Calasso não anota, mas é bastante oportuno lembrar que os nomes dos protagonistas dos dois “romances” (em Kafka há de se ler sempre entre aspas os gêneros literários que praticou, tanto fugiu às regras e normas das pautas ficcionais do século XIX, então vigentes) não diferem quase nada um do outro: em “O Processo”, quem se vê às voltas com o inusitado se chama Joseph K.; em “O Castelo”, às voltas com o mesmo sem-sentido e imprevisibilidade da vida, está K. .Transparentes razões parecem animar o dispositivo com que Kafka nomeia os personagens -são, assim como a punição e a eleição que caracterizam respectivamente cada um deles, quase os mesmos personagens.
Há um comentário nem tão marginal assim à interpretação de ambos os livros, onde Calasso delata que “na caligrafia de Kafka, a letra K prolongava-se para baixo numa vistosa voluta, que o escritor detestava: ‘O K é muito feio, quase me dá asco, mas continuo a escrevê-lo, deve ser muito característico de mim mesmo’. Escolhendo o nome K., Kafka obrigou-se a grafar centenas de vezes, diante dos próprios olhos, um traço que o ofendia e no qual reconhecia alguma coisa que lhe dizia respeito. Se tivesse narrado ‘O Castelo’ em primeira pessoa, conforme começara a fazer, a história não teria imergido tão profundamente em sua própria fisiologia, em zonas subtraídas ao império da vontade”. O grifo é nosso, mas diz bem desse tormento íntimo sem o qual inexistiria a obra kafkiana.
Depois de se deter exaustivamente em dois ou três densos capítulos dedicados quase inteiramente ao papel das mulheres tanto em “O Processo” como em “O Castelo”, num vertiginoso aprofundamento dessas personas femininas tão decisivas quanto fantasmais, como Amalia, Frieda, Pepi, Henriette, Emilie, Leni, produzidas mais pelo “destino” do que por qualquer outra instância novelesca, Calasso toca num ponto nevrálgico, a meu ver, da produção dos textos mais extensos de Kafka.
Assegura o ensaísta que ao contrário das narrativas curtas onde o tom e a pegada do apólogo estão, de certo modo, sempre presentes, seja no antológico “Josefina, a Cantora” ou mesmo em “Investigações de Um Cão”, “A Toca” ou “Construção da Muralha da China”, sem falar nesta acabada obra-prima que é “A Metamorfose”, os “romances” “O Castelo”, “Amerika” e “O Processo” não dialogam, em nenhum momento, com a fábula, como poderíamos supor à primeira vista.
Na mítica simbologia de todos eles, a grande novidade literária é que não fabulam, como fabula quase explicitamente um texto breve feito “Prometeu” ou mesmo “Um Médico de Aldeia” ou ainda “Um Artista da Fome”. Talvez daí o “inconcluso” que marca algumas das narrativas mais extensas de Kafka, como um voluntarismo essencial. Os contos -com começo, meio e fim- apontam, bem ao gosto da fábula, para uma “moral”, por mais desmoralizante que esta se revele. Ao contrário, os assim nomeados (mais pelo cânone do que pelo próprio Kafka) “romances” insinuam que o não-sentido é que constrói o mais agudo “sentido”, ainda que, novo paradoxo!, este mesmo seja, em si, outra vez, um cabal e aterrador não-sentido. Estamos falando de Franz Kafka, senhores.
A destacar ainda, do fecundo estudo do ensaísta italiano, o capítulo em que trata de “O Veredicto”, a “narrativa-suicídio” escrita por Kafka das dez horas da noite de 22 de setembro de 1912 à seis da manhã do dia seguinte e que assinala, digamos, o seu “nascimento” como escritor, tal como o conhecemos; as 32 páginas em que, acossado, Roberto Calasso intervém no célebre despertar de Joseph K. , no persicutário e mais arriscado de todos os instantes -aquele em que Joseph, eu ou você, leitor, acordamos para mais um dia; e por último mas não menos magnífico, o capítulo final do livro -“O Esplendor Velado”, em que Calasso se dispõe a investigar o que há por trás das resplandecências do sinistro; e não convém revelar aqui o que lá se encontra, expectante...
Assim é o mundo, sugere nos dizer, em última instância, com todas as letras, mas sobretudo com a misteriosa letra K, não só a obra de Franz Kafka como igualmente a prosa ensaística, de altíssimo repertório, em que se constitui o mais novo livro de Roberto Calasso publicado no Brasil. Um meticuloso hino de amor à obra seminal deste que é, sem exagero, um dos mais inventivos autores que já produziu a humanidade.
Tão singular e desconcertante que só um outro escritor, de toque pessoalíssimo como o dele, o búlgaro, também de expressão alemã, Elias Canetti (1905-1994) alcançou definir em poucas linhas, com a cortante lucidez que era a sua marca, e que Calasso não poderia deixar de registrar no admirável “K.”: “ Há escritores, bem poucos na verdade, que são tão inteiramente eles mesmos que qualquer declaração que se arrisque a seu respeito deve soar como uma verdadeira barbárie. Kafka foi um autor desse tipo, e correndo o risco de parecermos pouco independentes, não podemos deixar de ater-nos com máximo rigor às suas próprias declarações”.
Decifrar o autor de “A Metamorfose”, queiramos ou não, será sempre uma tarefa frusta e vã, ademais de perversa e açulada por um viés inútil, malévolo em amplo sentido. Interpretar Franz Kafka , senhores, mesmo através da prosa acordada deste “K.”, segue sendo ainda a melhor maneira de traí-lo. Roberto Calasso sabe disso.
(Publicado em 9/3/2007)
.
Wilson BuenoÉ escritor, autor, entre outros títulos, do livro de fábulas "Cachorros do Céu" (ed. Planeta), que esteve entre os finalistas do prêmio Portugal Telecom de 2006.

Poesia

Que as palavras continuem a me inspirar...
que eu possa transmitir alegria ou tristeza através delas.
FELIZ DIA NACIONAL DA POESIA

terça-feira, março 13, 2007

Fracasso

Fracassei mais uma vez,
mas não deixarei de lutar
até me sentir forte de novo
e conseguir provar meu valor.

segunda-feira, março 12, 2007

Ilusões

As ilusões perdidas antes
em pensamentos estranhos
reapareceram...
diferentes,
como se eu sentisse mais
segurança.
Os momentos foram mais
aproveitados,
sua voz não me abalou
um segundo sequer.
Mesmo serena e não
aparentando emoção
Estava feliz!
e apaixonadamente,
eu!

sábado, março 10, 2007

Suas mãos


Reencontrei você,
depois de um longo tempo ausente...
pude rever suas mãos longas e bonitas,
além de brancas.
Seus dedos me fascinam,
além de suas palavras, sorriso meigo e tímido.
Me camuflei atrás de um sorriso,
fingi não te dar atenção,
e meu coração estava disparado.

sexta-feira, março 09, 2007

Poetas e a solidão

A solidão dos poetas deve ser vista como
a maneira que cada um tem de se analisar...
não é só porque poeta está só que ele não possa amar...
sou poeta, quase nunca tenho ninguém, mas amo...
sofro, isso me rende lindas poesias, mas a solidão
faz parte desse processo.
Se hoje eu não tenho ninguém, não quer dizer que este alguém não exista...
sempre existe alguém...
não estamos extremamente abandonados.

quarta-feira, março 07, 2007

Mulher

M ais que

U nica e

L inda

H onesta...

E special e

R ara...

Essa é você: Mulher!
Parabéns pelo seu dia!

terça-feira, março 06, 2007

Neura

Quando é criança, quer ser adulta...
Quer namorar
se maquiar,
ser mulher...
Quando se é mulher
Namora e sofre,
se maquia e se cuida por causa dos excessos disso,
é mulher mas às vezes quer ser homem.

quinta-feira, março 01, 2007

Estrelas


Acrescentei em meu céu particular
algumas estrelas...
vieram em formas de amigas, de irmã, chefe, patroa e professora.
Elas têm a capacidade de iluminar minha mente, meu dia, minha vida,
sem pedir nada em troca...
Apenas me ouvem, são pacientes comigo e me incentivam.
Nesse meu céu não precisa mais nada.

Postagem em destaque

Amar remete a uma dificuldade... nem por ser de idade ou por conta da cidade. A dificuldade estah na vaidade. Amamos menos aos outros......